Moça do leque, Cigana de Avalon Mãos de tarot Olhos de runas Pele em mapa astral.
Menina quietinha, soletrando canções com lábios cerejas até dormir... quietinha, e sonhar com Alices peregrinas sobre campos verdes e vermelhas eritrinas.
Saia das canções rodadas Mãos enlaçadas ao vento Asas claras visíveis (só pra algumas boas almas) Colhendo cerejas, com seus olhinhos em búzios.
Édipo moderno Serei torto serei manco assassino e amante herói civil e cego degredado ainda úmido do sangue de antepassados serei guiado pelas doces mãos de minha descendência
Me avisas da esfínge, pois levarei comigo a palavra cobrirei com ela seus olhos de águia pesarei com certezas suas asas de rapina saciarei a fome bubalina das ruminações mentais e seduzirei a jogar-se do penhasco a sua alma feminina
Pois sou O Dos Pés Tortos desde de meu nascimento e abandono sempre o torto em linhas retas e sei meu longo caminho: é o mesmo caminho de todos que ao viajarem nele fazem todos diferentes caminhos.
Força iniciática, lâminas de tarot e runas de cristal incensos livros sagrados sonhos revelados Mãe ancestral de seios de fora vaca, gata, loba que amamenta o órfão rei de Roma
Dalila a cortar cabelos espalhando força ao vento Oyá resfriando a sopa quente de quem tem fome, girando o planeta promovendo a guerra e a paz. Parvati urbana, de cigarro na mão, grávida da tradição, a buscar na tela do computador a teia que tece com os fios de Ariadne e Aracne...
Seres alados, escalas de miguéis raphaéis gabriéis promovendo subidas e quedas Hermes esvoaçantes em espirais de ligações abutre sereno e paciente transformando morte em vida águia dourada eclipsando o sol de cada dia estátua fúnebre a vigiar os mortos com a espada em punho.
Bata as asas de Ícaro encantado viaje como pégasus observe como esfinge pouse qual lúcifer sobre a carne ferida plaine no mar de ventos e de intenções seja a gaivota que cisca o mar e mergulha no azul.
Asas brancas de nuvens mensageiras vermelhas de labaredas intraterrenas negras de sombras frescas sob sol escaldante de cera, corpo das velas que alimentam a chama de nossos protetores.
Minha pele....seu papel nosso sangue a misturar manchas e caligrafias Cada pedaço de carne uma palavra a soletrarmos suores Tacteis palavras de nossas peles letra por letra carne por carne.
Tacteis palavras...a gritar e sussurar arabescos hieroglifos ideogramas entre nossos músculos e ossos entre nossos olhos e lábios pois o mundo está escrito...
maktub... amém... oxalá...
para lermos então amigo de palavras macias, lermos-nos em nossos corpos.
O amor voou sobre as copas pássaro solitário no olhar lacrimal e garganta seca desterro de si.
Savanas douradas alamedam o triste caminhar de nossas sombras Sob o sol escaldante fervilhar de palavras entre labios vazios. Procuro por você pedras chão raiz Seu hálito soprado entre trigais me lembra do sol sobre a cabeça o beijo na testa.
Quando percebemos que amamos? Pelas miligramas líquidas de nossos olhos pelo silêncio sedento de palavras dor no peito a chiar clamando veias e motivos?
Uma febre amiga me abraça me dizendo: - Calma estou aqui! Sua amiga desejosa e faminta a dividir este mundo com mais ninguém!
Nasceste só ao só voltarás! Mas olhe seus pés! São dois! Já não estás sós, tem a si mesmo!