sexta-feira, 30 de maio de 2008

O Tempo





Destrincho músculo a músculo o tempo,
sorvo o sangue dos séculos
entre meus róseos lábios joviais.


No festim glorioso,
engulo a carne de Cronos
rasgando-a
digerindo-a
na mortalidade de minhas entranhas.

Cosmofagias modernas
buscando nos sucos das essências
o sólido gotejar da realidade.

E a poesia? guerreiro tupiniquim
É a antropofagia dos deuses
que ao nos dar as palavras
nos mordem a boca.






Dédalus


Entre os dedos o fio de Ariadne
a rasgar a pele em
quiromâncias,
quilometrando as paredes úmidas e escuras de Dédalus.
Nossa criação,
filha das sombras.



M
ãos trêmulas sobre urbes firmes
muralhas tijolos fronteiras.

Ícaro distraído das asas
encantado com a luz que cega e seduz
apoiado no encantamento solar
afogado de Egeus.


Amigo labiríntico de jardins suspensos,

seja o fio, o muro e as asas de cera.
Caminhando esqueça da luz e ilumine-se de trevas
Enquanto preso na casa de Minos, serás livre...
livre de
si.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

poesia virtual






Controle e jardins
palavras inventadas
fruto proibido
serpente-palavra

A redoma da distância
invizivel tampa sob o céu,
humana temperatura global
fruto do cumprimento do pecado:
trabalho é o caminho
superação do ambiente
testemunho dos instintos
instintos humanos extintos


No novo virtual
invizível gestação,
artérias são inventadas
deste bombear
relâmpagos da comunicação


E nossa rainha dança,
ao som dos tambores
embaixo de pesada chuva
cortando com espadas
os pingos dàguas...