quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Frutos





A felicidade luminosa de folhas
...

Verdes torres esvoçantes

Na árvore da vida

agradeça a todo fruto como dádiva.
Uns ao chão

outros na mão.

Galhos lacrimejam laranjas

que escorrem sementes ao chão....

Quinhentos




E são tantos quinhentos...

continuidades incoscientes

transformações abortadas
No fio umbilical

toda família toda propriedade

o fluir sanguineo do passado

carnificando-se no Sempre.


Poucos quinhentos,
cheques pré-datados
portas ausentes de paredes
vozes vazias em ouvidos surdos
No rosto o plácido

No coração o transpassar de lâminas
A dor oscila na máscara

por não querer comunicar...

por não ter a quem comunicar...
por não haver o comunicar...

Apenas quinhentos,

séculos colhidos ao campo
moedas atiradas ao poço
gramas pousadas nos pastos
números perdidos entre palavras.

Quinhentos,

a metade de Mil e Uma Noites

o crepúsculo

o amanhecer

onde dorme e acorda
a lâmina sobre o pescoço.