quinta-feira, 24 de julho de 2008

Frisando Palavras



Em um frisar invisível
que recheamos as palavras
dando-as formas e macieis

Palavras para melhor posicionar-se
Para abraçar-se ao adormecer
Atira-las entre penas esvoaçantes
E pousar na caixa do esquecer-se

As palavras são costuradas
E no vai e vem das linhas
A língua tagarela da boneca de pano.




Quereres


Seria em minha mão que surge a vontade de escrever?
De meus cabelos a vontade de embranquecer?

É de meu estômago que urram solitárias todas as fomes?
A língua clama por todas as águas?
É no sexo que embanha-se a flexa de Eros?

Por todo o meu corpo
este palco de quereres
nesta mistura carmica de reinvidicações
é em que surge a Consciência:

Que deseja todos os desejos!

Só a poesia salva!




Só a poesia salva!

Por nos hipnotizar
Paralizando nossas íris
em castanhas revoltas
Numa ressaca de olhares
a devolver ao Mundo
tudo que o olho viu!

Só a poesia salva!

Com o nascente silêncio
parido pelas insignificações
Diluindo com olhares
todo líquido e todo sólido.
Mostrando ao Mundo
que o olho tudo vê,
menos a si mesmo!




As palavras




As palavras fixam o tempo

Invólucro das idéias
Tintagem dos desejos
A pelugem arrepiada dos medos.

As palavras fixam o espaço

Tácteis e dolorosos ideogramas
encrustadas de esperanças
cravejadas de interesses.

As palavras são lápides

Que anunciam
com todas as letras
o incomunicável.